Escrevendo Cristina
Ainda não te apercebeste, mas és uma criança a tentar parecer grande. Como a criança que és, o teu riso contagia, a tua alma é pura e não te apercebes de muita coisa.Cristina, Cris, Tininha, pequenina, menina a tentar encher roupas de adulta, demasiado séria, demasiado a bricar. Não sabes o que querer, não sabes o que perdes ao crescer assim tão depressa.Não te apaixones minha pequena, não te ates, não queiras sofrer já, sê criança mais um pouco.Mas tu não ouves, não queres ouvir, não podes ouvir, já estás presa no azul dos olhos dele, ele que não é para ti, que não consegue ver a beleza que há em seres tu.Ele que é cego para o fulgor dos teus olhos doces quando ris com vontade, e que não sente as lágrimas a queimá-lo também quando teu olhar fica enevoado pela dor. Ele não te merece.Querida menina, sorindo malandra, apesar da morte sempre a espreitar pela janela, apesar do cheiro a hospital que se cola à pele, apesar dos caracoís escuros do cabelo dele.Ele magoa-te e despreza o teu amor. Ele não sabe que tu vais viver para sempre.E tu? Tu não te apercebes.
texto by rak
photo by me